A China está avançando na construção da ferrovia Sichuan-Tibete, uma linha de trem de alta velocidade que conectará Chengdu, capital da província de Sichuan, a Lhasa, capital da Região Autônoma do Tibete. Com extensão prevista de 1.629 km, o projeto é considerado uma das obras ferroviárias mais desafiadoras do mundo, atravessando terrenos montanhosos e áreas de elevada altitude.
A construção da ferrovia está sendo realizada em etapas. O trecho entre Chengdu e Ya'an foi inaugurado em 2018, e o segmento entre Lhasa e Nyingchi entrou em operação em junho de 2021. A seção mais complexa, entre Ya'an e Nyingchi, está em construção e tem conclusão prevista para 2030. Essa última etapa é particularmente desafiadora devido ao terreno acidentado e à atividade sísmica da região.
Embora oficialmente voltada para o desenvolvimento econômico e a integração regional, a ferrovia também possui importância estratégica. Autoridades chinesas reconheceram que a linha tem ligação direta com a defesa das fronteiras, permitindo a mobilização rápida de tropas e equipamentos para áreas próximas à fronteira com a Índia. A cidade de Nyingchi, por exemplo, está localizada a menos de 50 km da fronteira com o estado indiano de Arunachal Pradesh.
A Índia, por sua vez, tem acompanhado de perto o avanço da infraestrutura chinesa na região e está investindo em seus próprios projetos de desenvolvimento nas áreas fronteiriças, incluindo a construção de estradas e ferrovias estratégicas.
A ferrovia Sichuan-Tibete representa não apenas um marco da engenharia moderna, mas também um elemento significativo na dinâmica geopolítica da Ásia. Ao facilitar o transporte de pessoas e bens, ela promove o desenvolvimento regional. Ao mesmo tempo, sua capacidade de mobilização rápida de recursos militares adiciona uma nova dimensão às relações entre China e Índia.