Conhecido cientificamente como “dicefalia”, esse fenômeno ocorre quando um embrião em desenvolvimento não se separa completamente, resultando em duas cabeças, dois corações e, frequentemente, duas colunas vertebrais independentes. Essa condição é extremamente rara, especialmente em animais de grande porte, e muitas vezes compromete a mobilidade e a sobrevivência no ambiente selvagem.
Segundo biólogos do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (IBIMM), com colaboração do Instituto de Pesca de Santos, essa é a primeira vez que um tubarão-galhudo com duas cabeças foi registrado na natureza — uma descoberta inédita no Brasil e possivelmente no mundo.
O animal apresenta uma estrutura duplicada desde a cabeça até a região anterior do corpo, enquanto o restante do corpo segue unido, demonstrando mais uma vez como essas variações são complexas e raríssimas .
Registro histórico similar de tubarão-galhudo siamês
A dicefalia geralmente resulta do falho processo de separação entre embriões idênticos, ou seja, gêmeos que não se completam na divisão completa.
Embora alguns especulem que a poluição marinha — com metais pesados nos oceanos — possa contribuir para mutações, ainda não há evidências científicas conclusivas ligando diretamente essas condições à contaminação.
O tubarão-galhudo (Carcharhinus plumbeus), que costuma atingir até 4 metros de comprimento, habita áreas rasas como baías e estuários. Está classificado como vulnerável devido à pesca excessiva
A ocorrência de dicefalia, além de rara, normalmente resulta em morte precoce, devido aos desafios na natação, alimentação e fuga de predadores
Imagem ilustrativa de embrião de tubarão com dicefalia.
Registro inédito na natureza — amplia nosso conhecimento sobre variações genéticas em espécies marinhas.
Base para futuros estudos — ajuda pesquisadores a entender melhor causas e frequências dessas anomalias.
Reflexão ambiental — o caso reforça a importância da conservação de áreas costeiras e da vigilância contra poluição.
Esqueleto com duplicidade de cabeças exposto em museu marinho
A equipe do IBIMM segue analisando o tubarão para entender a magnitude da mutação e documentar cientificamente o caso. O estudo pode ser publicado em revistas de biologia marinha e genética, contribuindo para bases de dados internacionais.
Enquanto isso, o avistamento serve como alerta para a fragilidade dos ecossistemas marinhos e a importância de resguardar habitats costeiros que hospedam espécies únicas e vulneráveis.